Aluizio Brito Maia é um jovem de 21 anos, recém formado em geografia (2023) pela Universidade Federal de Minas Gerais e que conseguiu com muito esforço e dedicação ser aceito no programa de mestrado de Sensoriamento Remoto do INPE - Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, nessa entrevista Aluízio fala um pouco sobre o processo de ser aceito no programa e como a sua experiência no curso de geografia lhe ajudou nesse processo.
Como o curso de geografia o ajudou na preparação do mestrado?
“O mestrado em sensoriamento remoto, que eu apliquei, tem como o objetivo estudar a Terra a partir do espaço. E eu acho que a geografia vem para incentivar a gente a estudar a Terra como um todo e a geografia sempre acaba sendo um primeiro passo para estudar o sensoriamento remoto, acho que muitos alunos do INPE acabam sendo da área da geografia por conta disso.”
Quais disciplinas/histórico o ajudou a pensar nesse mestrado, nessa especificidade?
“A própria disciplina de sensoriamento remoto que eu fiz com o professor Helder, foi uma disciplina que me mostrou um pouco da área, me fez gostar, assim como outras matérias relacionadas a áreas que eu tinha interesse como, Geografia e Recursos Hídricos, Climatologia. E fora isso também foram experiências que eu tive fora da disciplinas, como a iniciação científica que eu fiz em uma instituição muito bacana que é o CEMADEN, Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais do MCTI.
Ali eu fazia uma pesquisa sobre o uso de mapeamento participativo para gestão de riscos de desastre, como inundações e deslizamentos, eu comparava mapeamentos técnicos com imagens de satélites, onde entra a parte de sensoriamento remoto, com os mapeamentos feitos com as pessoas mesmo, eu ia aos municípios conversava com a população e juntos construímos um mapa a partir de uma imagem de satélite, de um satélite brasileiro inclusive.”
No que a geografia poderá ajudar na condução do seu mestrado e no que poderá faltar?
“Ela pode ajudar principalmente na parte mais crítica, que eu acho que é muito necessária no meio acadêmico. Quando eu digo a parte crítica quero dizer em ser sério com os seus resultados, seus métodos, perceber quando não está realizando um bom trabalho e pesquisar um pouco mais.
Eu sinto que o curso de geografia me preparou muito bem para isso, é um curso difícil mas ele prepara para que possamos dar o nosso melhor. Então acho que essa parte de sermos críticos com os nossos resultados e métodos é uma coisa que a geografia irá nos ajudar.
E uma coisa que irá me faltar, é a parte mais matematica e fisica, eu sinto que no nosso curso falta até como optativa, pois acaba que nem todos desejam ir para a área mais física da geografia, principalmente essa área que tem mais matemática mesmo, como por exemplo o Sensoriamento Remoto.
Mas ainda assim eu acho que seria interessante ter isso como uma optativa, para pessoas que vão fazer um mestrado e vão precisar disso, tanto que estou aproveitando as minhas férias para estudar cálculo porque na graduação não tive esse preparo e no INPE - aparentemente na minha turma estarei na mesma sala que engenheiros ambientais, engenheiros florestais, cartógrafos, oceanógrafos, geógrafos, geólogos e alguns acabam estando mais bem preparados para essa parte da matemática do que outros. Por isso acho que isso acaba faltando um pouco no nosso curso.”
Qual e como foi o processo para entrar no INPE?
“Foi um processo muito longo mas muito justo. É uma coisa que eu elogio muito no INPE, porque eu tinha certeza que queria ir, mas por ser muito concorrido por conto do mestrado em sensoriamento remoto ser CAPES 7 - Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior, ou seja, nota máxima e por ser um programa de excelência com reconhecimento internacional eu pensava que eu nunca iria conseguir passar.
Por conta disso eu achava que não iria conseguir e acabei olhando outros programas de mestrado, porém os outros eu não achava muito justos, pois uns não davam chances para quem não publica, para quem não participou de iniciação científica, o INPE recomenda tudo isso, mas se por exemplo você não tiver publicado, ou tiver reprovado em uma disciplina isso não será motivo de eliminação.
No geral são 4 etapas, a primeira etapa é a que eu considero ser a mais difícil, se não estou errado umas 30 ou 40 pessoas foram eliminadas nesta fase, e se trata da análise do currículo, da carta de intenção, das notas, e tudo o que você realizou durante a sua graduação, iniciação científica, cursos por fora, pesquisas, além de carta de indicação de professores, que têm bastante peso, eles fazem uma média com as suas notas.
Essa foi a etapa que eu fiquei com mais medo, porque eu tinha esbarrado em algumas disciplinas e inclusive reprovei em uma disciplina, isso é até um recado para quem vai ler: Não desista de tentar fazer o mestrado porque esbarrou em algumas disciplinas, isso acontece na graduação, aconteceu comigo e no final deu certo.
Na segunda etapa, os professores te selecionam e te entrevistam de acordo com o candidato e com o que eles irão estudar e se você não for selecionado por nenhum professor você é eliminado.
Na terceira etapa, é uma prova de inglês de tradução sem dicionário, sem consulta e uma entrevista com o/os professor/es que te selecionaram e é uma conversa sobre o mestrado se você está fazendo porque quer realmente quer seguir essa área ou ou porque não tem ideia do que fazer.
E a última etapa, é complicadinha, porque se o professor tiver selecionado por exemplo três alunos ele tem que escolher qual deles ele irá realmente querer e é isso depois de muita ansiedade e algum tempo você descobre se realmente passou ou não.”
Qual parte você está mais interessado e ansioso sobre o seu mestrado?
“Ansioso mesmo eu estou para tudo, eu fico olhando as disciplinas e imaginando irá ser, mas eu estou mais interessado em participar das discussões em grupo, ver pessoas de diferentes pesquisas e áreas, pois sempre me falam que eu vou chegar lá e ver umas pesquisas que eu nunca imaginei na minha vida. Então estou mais interessado nessa parte de troca, de poder conversar com uma pessoa que veio de um curso totalmente diferente do meu e ver que a pesquisa dela pode acabar ajudando na minha pesquisa e vice-versa.”
Desejamos ao Aluizio a ele um futuro promissor e boa sorte nessa nova empreitada, e ao falar dessa fase pós graduação nas nossas mídias queremos que os futuros geógrafos e as geógrafas formados ao lerem sobre a experiência dele ao longo do curso e sua caminhada até a empreitada do mestrado possam se inspirar e se sentirem motivados para seguir seus sonhos. Esse caminho, que apesar de ser difícil, pode ter tropeços ao longo do caminho, porém temos certeza de um futuro promissor.
PARABÉNS ALUIZIO
Imagem: Aluizio no centro, junto com a professora e coordenadora do Curso de Geografia Lussandra Gianasi e o Vice-diretor professor Tiago Amâncio na colação de grau em fevereiro de 2023.
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